Título: Ode à Jayme Caetano Braun
Autor: Pompeo de Mattos
Um dia surgiu do nada
Como do nada se veio
Sem nunca experimentar freio
nem fucinheira ou buçal
tinha um dom natural
trazido da geneologia
Era o dom da poesia
e um dicionário campeiro
e o timbre de missioneiro
do pajador que nascia.
Criado assim no relento
no campo sem aramado
meio chucro e retovado
jeito simples era seu feito
mas na rima era levado
poeta do verso rimado
sem canudo de doutor
foi mestre, foi professor
na rima era pós graduado.
O legendário Uruguai
É o Rio Grande que te viu nascer
E que te deu de beber
na inspiração de teu canto
também acolheu o pranto
do missioneiro que não chora
mesmo sabendo que a hora
não perde pos esperar
mas não há como não chorar
quando tu te vais embora.
Melenas soltas ao vento
que os anos branqueou de geada
a voz rouca das pajeadas
feitas no mais de improviso
brotando assim sem aviso
na mente do pajador
como se o criador
e a própria criatura
confundisse em uma só figura
peão, poeta e pajador.
Tu retratou o Rio Grande
com versos feito repente
germinando qual semente
plantado na terra nova
fez a rima, deu a prova
"brigou galo" fez bochincho
ninguém te quebrou o corincho
fazendo versos camapeiro
teu canto serviu de apero
p'ra encilhar o Tobiano Capincho.
És tu a voz do Rio Grande
do gaúcho insubmisso
que sabe honrar compromisso
e sustentar o que fala
tu és a voz que não cala
que reclama liberdade
valentia e humildade
nunca precisou impor
o teu canto, teu valor
porque retrata a verdade.
Foste o gaúcho da gema
cujo dom e o instinto
já herdou com ainda pinto
sem nunca perder o tino
um sábio sem ter ensino
um mestre de mil lições
foi quem batendo tições
reascendeu o brazedo
p'ra ensinar p'ro piazedo
o culto das tradições.
JAYME CAETANO BRAUN
tuas pajadas são lendas
que ainda hoje encantam as prendas
e fazem arrepiar o gaudério
os feitos do tio Lautério
e a venda do Bonifácio
o negro tio Anastácio
que um dia foi teu amigo
e que hoje está contigo
e no céu fez o teu prefácio.
Tu és a história viva
desta pampa legendária
das reduções centenárias
misto de santo e guerreiro
de profeta missioneiro
que revelou as profecias
em forma de poesias
contando este chão sagrado
e o Rio Grande enlutado
hoje te reverencia.
Não consigo acreditar
Nem tão pouco imaginar
Que isto tenha acontecido
Como pode ter morrido
Alguém que está entre nós
Que ainda ouço sua voz
Perguntando!?...E a china?!
E escuto de relancina
Me deixe c'oa china a sós.
Ode à Jayme Caetano Braun
Marcadores: Pompeo de MattosPostado por BTT às 16:03
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