Título: Chilenas
Autor: Jayme Caetano Braun
Velha chilena de prata,
Arruaceira e caprichosa
Que vai tinindo chorosa,
Num versejar campesino
Como o riso cristalino
De uma cabocla dengosa!
Floreando, coplas do pago
Acalentadas de orgulho
Revives no teu barulho
Que as distâncias vão bebendo
As águas frescas correndo
Das sangas de pedregulho!
Velho pincel andarengo
Da formação regional
Nas costelas do bagual
Por onde passas com glória
Fica desenhada a história
Do guasca tradicional!
O teu compasso crioulo
Que tem sabor de rio cheio
Alegrou muito rodeio
E muita china enciumada,
Dessas da trança cuidada
Te ouviu longe com anseio!
Mais chucro do que a guitarra
Quando a pontear se desata
Num tinido que arrebata
Por isso mesmo a chilena
É a encarnação da morena
Num esqueleto de prata!
Te evoco, chilena amiga,
Amadrinhando um fandango,
Mordendo a tala do mango,
Ou refletindo na dança
A chinoquita de trança
Que se destorce num tango!
De antanho, quando passavas,
Pelo fogão dos tropeiros,
Repontando os entreveros,
Cortando cincha e carona
Te respondia a cordeona
Do pouso dos carreteiros!
Mas hoje quando tu passas,
Acordando o meu rincão,
Teu gemido de aflição,
Ao se perder campo fora,
É um poema chucro que chora
O fim de uma tradição.
Chilenas
Marcadores: Jayme Caetano BraunPostado por BTT às 16:21
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Desenvolvido por BTT | Administrador BTT | Modificado por Admin POESIAS RS
0 comentários:
Postar um comentário